terça-feira, 5 de janeiro de 2010

APRESENTAÇÃO

A Ginástica Artística e a Ginástica Acrobática são modalidades que remontam já aos primórdios da Humanidade e hoje são praticada em todo o Mundo por milhões de pessoas.
Lançado o desafio de elaborar primeiro um trabalho sobre Ginástica Artística e depois um trabalho sobre Ginástica Acrobática, criamos neste blog os textos, que podem ser consultados de acordo com o índice da barra lateral direita.
Este blog, além de dar a conhecer estes trabalhos, pretende também ser um "local" de partilha e como tal convidamos todos a dialogar connosco, ora através de comentários deixados directamente nas postagens, ora através do mail disponível na barra lateral direita. A opinião de todos é importante...

BREVE HISTÓRIA DA GINÁSTICA ARTÍSTICA

A Ginástica, enquanto prática do exercício físico surgiu na Pré-história, afirmou-se na Antiguidade, estagnou da Idade Média, fundamentou-se da Idade Moderna e sistematizou-se no início da Idade Comtemporânea.
Segundo alguns estudos, a Ginástica Artística surgiu no Antigo Egipto, com as pessoas a realizarem acrobacias nas ruas como forma de entreter aqueles que passavam. Esta prática permitia também o desenvolvimento constante de habilidades corporais, o que levou a que fosse adaptada ao treino militar. Na Grécia Antiga a Ginástica também se desenvolvia e era utilizada com frequência. Em Roma a Ginástica era usada como treino militar, como meio de preparação para a guerra.
O vazio aconteceu na Idade Média, com o corpo a ser usado apenas para a purificação da alma, fruto das crenças dos Cristãos, que levaram a que a Ginástica apenas fosse utilizada pelos escravos e como forma de entreteram os seus senhores. Pouco antes da Idade Moderna começou assistir-se a um crescimento da Ginástica como exercíco físico, através dos filósofos e educadores Rosseau e Pestalozzi e essencialmentecom Guths Muths, considerado o pai da Ginástica Escolar, que inventou várias técnicas e exercícios gímnicos, já com o uso de aparelhos e com o objectivo de enaltecer os benefícios corporais ligados à saúde.
Na Idade Moderna deu-se o ressurgimento da Ginástica com Friedrich Ludwing Jahn (1775-1852), que em 1811 fundou em Berlim o primeiro local voltado apenas para a prática da Ginástica. Esse local era um ginásio ao ar livre que incluia alguns aparelhos com o objectivo de desenvolver um ritmo perfeito do movimento e consequentes acrobacias. O Professor Jahn inspirou-se no espírito patriota pelo seu pai e também pelos escritos de Muths e dessa forma levou a que os jovens da cidade praticassem sistemáticamente Ginástica, em prol das antigas tradições da nação, espalhando-se esta ideia um pouco por todo o Mundo. Estes foram os passos chave para a difusão da modalidade nas escolas. Posteriormente foram criados Clubes de Ginástica Internacional e gradualmente foram estabelecidas associações.
Após esta difusão, no século XIX formaram-se três sistemas de Ginástica: a Alemã com a Ginástica Desportiva (movimentos complexos nos aparelhos), a Francesa com a Ginástica Militar e o sistema Sueco com a Ginástica orientada para o desenvolvimento das capacidades motoras. Esta notória distinção levou à criação de Federação Europeia de Ginástica (FEG) que rapidamente se transformou em Federação Internacional de Ginástica (FIG) em 1921. Pouco depois dão-se em Amesterdão os Jogos Olímpicos, que ainda hoje são a competição mais desejada pelos ginastas.
A Ginástica que vemos nos nossos dias foi fruto de alterações de uma longa evolução, adequada às novas capacidades físicas e motoras dos ginastas, porque com o passar dos anos houve uma tendência natural para o aperfeiçoamento das habilidades, tal como o aumento da força física, todos eles derivados de factores externos, mas com influência muito directa na perfomance dos atletas.

A GINÁSTICA ARTÍSTICA

A Ginástica Artística é uma modalidade complexa, que exige um conjunto abrangente de movimentos elegantes, dinâmicos/estáticos, dotados de força, agilidade, flexibilidade, coordenação, equilíbrio e controlo do corpo, com a particularidade destes movimentos se executarem em diversos aparelhos.
A avaliação dos ginastas é feita por um grupo de juízes, consoante os critérios de dificuldade do programa, a composição e a qualidade dos valores de ligação e execução de um código próprio de pontuação, elaborado pelos comités das federações.
Assim, o objectivo dos atletas passa por uma preparação intensa, de forma a assimilarem exercícios gímnicos de dificuldade extrema, para atingirem um elevado aperfeiçoamento na técnica de execução desses exercícios, mostrando elevada mestria desportiva.
As apresentações da Ginástica Artística são individuais, ou seja, separadas por género, devido às diferentes características físicas entre homem e mulher e possuem um tempo aproximado de 30 90 segundos. Os aparelhos da Ginástica Artística masculina são assim diferentes dos aparelhos da Ginástica Artística feminina. Os homens disputam provas em 6 aparelhos diferentes, enquanto que as mulheres fazem-no em 4 aparelhos.

A GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA

A Ginástica Artística masculina compreende um conjunto de 6 aparelhos:
- Solo;
- Cavalo com arções;
- Argolas;
- Saltos de cavalo;
- Paralelas simetricas;
- Barra-fixa.
No decorrer das provas, os homens procuram mostrar a sua força e o seu domínio nos diferentes aparelhos.

A GINÁSTICA ARTÍSTICA FEMININA

A Ginástica Artística feminina compreende um conjunto de 4 aparelhos:
- Solo;
- Saltos de cavalo;
- Barras assimétricas;
- Trave.
Ao contrário das apresentações masculinas, tais aparelhos não procuram enaltecer a força física das ginastas, mas antes dar maior ênfase à vertente artística e de agilidade.

CARACTERIZAÇÃO DOS APARELHOS

Solo: o solo é feito em material elástico, que amortece eventuais quedas e ajuda ao impulso dos saltos e das passadas. Este aparelho tem a dimensão de 12x2m, no qual o ginasta procura usufruir do espaço para executar movimentos predominantemente acrobáticos, combinados com outros movimentos de força, de flexibilidade e de equilíbrio, com combinações coreográficas, formando um todo harmonioso. Os ginastas masculinos dispõem de um total de 70 segundos para executar a prova, ao passo que as mulheres têm 90 segundos, com a particularidade de incluir música instrumental.

Elizabeth Tweddle (GBR) - Medalha de Ouro nos JO

Cavalo com arções: este aparelho possui dimensões de 1,15mx1,60mx35cm. As arções estão adequadamente ajustadas e à altura de 12cm. Os exercícios que prevalecem são circulares, apelidados de "círculos" (executados com os MI juntos) e pendulares "tesouras" (executados com os MI afastados) e devem ser executados em todas as partes do cavalo, sem paragens.

Louis Smith (GBR) - Medalha de Prata nos JO

Argolas:
com um diâmetro interno de 18cm, estão à distância uma da outra de 50cm. estão presas a uma estrutura própria e ficam a 2,75m do solo. Neste aparelho o ginasta deve apresentar uma série de movimentos estáticos, alternados com elementos de balanço à frente e à rectaguarda e de força. O exercício deve ser concluído com uma saída acrobática. Durante a execução destes movimentos há uma grande tendência desta estrutura em tremer, pelo que, quanto mais controlados forem os exercícios, menor serão as oscilações e mais premiado é o atleta.

Yuri Van Gelder (NED) - Medalha de Ouro JO

Saltos:
são caracterizados por serem a prova mais rápida da Ginástica Artística. São executadas após uma corrida de 25m, com chamada a dois pés sobre o trampolim, com dimensões de 120x95cm e um curto apoio das mãos na "mesa" de saltos.

Thomas Bouhail (FRA) - Medalha de Ouro nos JO

Paralelas simétricas: possuem medidas compreendidas entre 1,95x3,5m e estão à distância de 42cm a 52cm uma da outra. Os ginastas devem aproveitar todo o comprimento das barras apresentando movimentos acima e abaixo destas. Os exercícios devem ser predominantemente combinados entre balanços, voos e posições estáticas. A saída e o final da prova devem ser em acrobacia.

Yann Cucherat (FRA) - Medalha de Ouro nos JO

Barra-fixa:
este aparelho está preso sobre uma estrutura de metal a 2,75 m do solo e possui 2,40 m de comprimento. A prova consiste em movimentos de balanço contínuos, demonstrando mudanças de pegas com rotações, elementos com vôo, de forma a largar e voltar à barra. A saída é de extrema dificuldade pois deve incluir movimento acrobático de difícil controlo do corpo e ao mesmo tempo espectacular pela altura que o ginasta atinge antes de chegar ao solo.

Zou Kai (CHN) - Campeão do Mundo

Trave:
é constituída por material aderente. Está a 1,25m do solo e possui 5m de comprimento e 10cm de largura. As ginastas devem executar saltos mortais, rondadas, passos e coreografia. Os elementos obrigatórios incluem um giro de 360 graus, um salto com uma separação de pernas de 180 graus e séries acrobáticas para a frente e para trás. Durante a prova a atleta tem de percorrer toda a barra. A subida ao aparelho pode ser efectuada por uma simples impulsão e tem de ser efectuada pela própria ginasta, sem qualquer ajuda.

Shawn-Johnson (USA) - Medalha de Ouro nos JO

Barras assimétricas:
este aparelho é fabricado com fibras sintéticas e por vezes de material aderente. As barras estão dispostas paralelamente, mas com posicionamentos de altura distintos. A mais alta tem 2,36m e a mais baixa tem 1,57m. Esta diferença permite às ginastas executar uma grande variedade de movimentos alternados, sem limitações, mas com elementos gímnicos obrigatórios. Os exercícios devem então conter movimentos de impulso, vôo e estáticos, ligados com rotações e transições. Na eventualidade de um atleta cair terá apenas 30 segundos para retomar a sua posição.

He Kexin (CHN) - Medalha de Ouro nos JO

CÓDIGO DE PONTUAÇÃO DA GINÁSTICA ARTÍSTICA

Como foi anteriormente descrito, a Ginástica Artística é uma modalidade complexa que exige um quadro abrangente de movimentos elegantes, dinâmicos/estáticos dotados de força, agilidade, coordenação, equlíbrio e controle do corpo com a particularidade de se executarem em diversos aparelhos. Assim sendo, o nível dos ginastas é avaliado por um grupo de juízes consoante os critérios de dificuldade, elementos de grupo, valores de ligação e execução de um Código de Pontuação. O Código de Pontuação (CP) é elaborado pelo Comité Técnico da FIG que é dividido pelo Comité Técnico Feminino (CTF) e pelo Comité Técnico Masculino (CTM) designando os respectivos CP de forma adequada às características físicas de cada género. O CP da FIG é utilizado em todos os eventos de Ginástica a nível internacional tal como no Campeonato da Europa, Campeonato do Mundo e nos Jogos Olímpicos. As Federações Nacionais possuem um código interno adequado ao nível dos ginastas com o objectivo de impulsionar o desenvolvimento inicial da Ginástica Artística a nível nacional.
O CP é actualizado de 4 em 4 anos após cada Ciclo Olímpico. É realizada uma análise muito cuidadosa e profunda devido à tendência do desenvolvimentodos movimentos gímnicos em cada aparelho. Um dos objectivos deste código é a estipulação de normas de funcionamento de todos os intervenientes na competição: ginastas, treinadores e juízes. Mas o principal pressuposto do CP passa por uniformizar as regras de pontuação de forma a permitir um julgamento mais objectivo por parte dos juízes. Outro aspecto do CP passa por orientar os ginastas e treinadores na construção dos exercícios de competição pois este obriga à execução de determinados gestos gímnicos durante as provas. O ajuizamento é realizado por um conjunto de normas através das quais os juízes procuram erros de postura, execução, etc., e avaliam o nível de dificuldade dos determinantes gestos técnicos de forma a diferenciar o vencedor. As normas de classificação dividem-se então em três fses distintas: dificuldade, combinação e execução.
Em cada aparelho o ginasta é avaliado por um grupo de juízes dividido em dois grupos: um grupo que avalia a dificuldade e o outro que avalia a execução dos gestos técnicos.

Dificuldade: este critério, considerado o critério D, avalia os exercícios sob três aspectos: i) por partes de valor; ii) por elementos de grupo; iii) pelo valor de ligação.
i) este parâmetro priveligia os 8 melhores movimentos obrigatórios pelo CP e de valores mais elevados (por exemplo um Layout back possui um valor de dificuldade A de 0,10 valores).


ii) a não obediência de um conjunto de orientações relativas à composição dos exercícios de competição estabelecido pelo CP, tal como o ritmo, a distribuição dos elementos de dificuldade, a variedade, as mudanças de direcção, a postura, implicam a penalização por cada orientação não executada. Em cada aparelho são definidas 5 exigências específicas de composição, sendo penalizadas por 0,50 pontos por cada incumprimento.
iii) como o nome indica este parâmetro está relacionado com a combinação e ligação entre os elementos de dificuldade e que devem ser efectuados sem falhas.

Execução: neste critério o ginasta é avaliado consoante a postura corporal exigida em cada elemento de dificuldade. Cada erro é descontado consoante a gravidade: são consideradas faltas pequenas quando há incorrecções na colocação dos membros, postura dos pés, da cabeça, das mãos, etc.; as faltas médias são todas aquelas que implicam uma diferença importante da técnica correcta; as faltas graves são consideradas cada vez que um atleta cai ou que pede ajuda. Todas estas faltas são penalizadas por 0,10; 0,30 e 1/0,50 respectivamente. Estas penalizações, chamadas de deduções vão subtrair o conjunto de pontos da execução. Das seis notas retira-se a mais alta e a mais baixa de forma a ficar com as quatro notas médias.

CARACTERÍSTICAS DA COMPETIÇÃO DE GINÁSTICA ARTÍSTICA

Como é de senso para todos nós, as principais competições internacionais são ambicionadas por todos os ginastas pois representam o topo da Ginástica Artística. Os Campeonatos da Europa (CE), os campeonatos do Mundo (CM) e os Jogos Olímpicos (JO), realizam-se de 4 em 4 anos e são as competições mais importantes para a modalidade.
Os CE, CM e JO são constituídos por um quadro competitivo de quatro concursos distintos com características e objectivos muito próprios. São designados por concurso I (CI), concurso II (CII), concurso III (CIII) e concurso IV (CIV) e definem o vencedor de cada competição.

Concurso I (CI): o objectivo deste concurso é a qualificação para o CII, CIII e CIV e na qual participam todos os atletas inscritos.
O CM que antecede os JO define as equipas e os ginastas individuais que vão participar nos JO, considerando os resultados obtidos no CI.

Concurso II (CII): é a final individual geral na qual participam os 36 (em CM e JO), 24 (em CE) melhores ginastas do CI.

Concurso III (CIII): a competição II é a final por provas, onde é definida a classificação individual de cada uma das provas. Estarão qualificados para esta competição os oito ginastas que obtiveram as pontuações mais altas ca CI, em cada uma das provas, sendo assim uma final por aparelhos.

Concurso IV (CIV): desta fase participam as oito equipas que obtiveram as pontuações mais elevadas na CI.
Todas estas normas são utilizadas para a avaliação dos exercícios efectuados em todos os aparelhos à exepção do salto no cavalo. Neste aparelho a classificação dos saltos está descrita no CP por um valor que representa a nota de partida e está sujeita a penalizações de execução. A avaliação limita-se à execução de um salto nos Concursos I, II e IVe dois saltos no Concurso III. As notas são dadas de forma independente e a nota média será a nota final do aparelho (Carvalho J., 2009).

GINÁSTICA ARTÍSTICA E FORMAÇÃO EM PORTUGAL

Tal como temos vindo a dizer, a Ginástica Artística é uma modalidade complexa pelo facto de englobar vários aparelhos que pressupõem movimentações bastante diferenciadas e de elevado grau de execução. Estes pressupostos implicam requisitos motores elevadíssimos, tais como a agilidade, a flexibilidade, a harmonia, o equilíbrio, o ritmo, etc.
A Ginástica implica uma força de vontade, de entrega e de motivação extrema. Assim sendo, um verdadeiro ginasta deve iniciar a sua actividade desde muito cedo, em bébé. A preparação é dura e normalmente a sua iniciação é dada até aos 10 anos de idade, na qual o atleta trabalha os seus níveis de flexibilidade e desenvolve os requisitos motores de base. Após esta fase dá início ao treino específico consoante a especialidade que escolheu. Por volta dos 15 anos de idade inicia um treino de alto nível procurando autonomia e força psicológica, de forma a desenvolver a sua perfomance.


Em Portugal existe uma grande aposta cultural no desporto. O problema incide no desiquilibrado e diferenciado investimento que fazemos em prol do futebol masculino. É típico e frequente ouvirmos do nosso povo, após os Jogos Olímpicos, que os nossos atletas são muito "fracos", mas como podemos nós exigir resultados internacionais relevantes e dignificantes aos atletas portugueses se durante todo o ano são esquecidos? Como se podem fazer atletas de elite se não apostamos na formação?
Sendo este um documento efectuado no âmbito da disciplina de Ginástica sob a responsabilidade da ex-campeã nacional, treinadora de formação na Ginástica, juíza internacional de Ginástica e ainda Professora de Educação Física da Escola de Educação Superior de Fafe apelo à sensibilidade, para que todos os futuros profissionais da Educação Física e Desporto não façam da Ginástica uma modalidade esquecida.
Na barra lateral encontram-se alguns links das Federações responsáveis pela Ginástica em Portugal e das várias Associações, para uma compreensão mais profunda do desenvolvimento desta modalidade no nosso país.

ORGANIZAÇÃO DA GINÁSTICA

A Ginástica Artística e a Ginástica Acrobática são modalidades que comportam calendários competitivos distritais e ainda todo o quadro de preparação das Selecções Nacionais com estágios e provas Nacionais e Internacionais. Assim assistimos a uma espécie de hierarquia. Podemos considerar a Federação Internacional de Ginástica (FIG) como órgão máximo da Ginástica em todo o Mundo e cada país tem a sua própria organização, designadas por Federações que são compostas pelas Associações e respectivos Clubes. Existe ainda outro órgão de revelante importância que coordena a Ginástica a nível Europeu, a União de Ginástica da Europa (UEG). Em Portugal existem duas Federações distintas responsáveis pelas diferentes disciplinas de Ginástica, a Federação de Ginástica de Portugal e a Federação Portuguesa de Trampolins e Desportos Acrobáticos (FPTDA).


A Federação de Ginástica de Portugal é constituída por:

A Federação Portuguesa de Trampolis e Desportos Acrobáticos envolve as modalidades de trampolim e a Ginástica Acrobática:




BREVE HISTÓRIA DA GINÁSTICA ACROBÁTICA

Os Desportos Acrobáticos tiveram origem em actividades lúdicas, de lazer e circenses, de animação, como forma de desafiar a gravidade. Em qualquer uma das actividades o dinamismo, a força, a coordenação motora, a flexibilidade, as habilidades de salto e equilíbrio estavam presentes. Segundo Carvalho (2009) a palavra "akrobats", de origem grega, deriva de "akros" e traduz um sujeito que dança e faz jogos de equilíbrio.
Segundo Carbinatto et al (s/d) a Ginástica Acrobática é conhecida desde 2300 a. C. no Egipto, através de formas percursoras, onde se registaram algumas pinturas ilustrativas. Também desde as épocas remotas, na Grécia e na China, muitos povos dedicavam-se a práticas idênticas, entre as quais construções de pirâmides humanas (França). Os gregos usavam-nas nos antigos Jogos Olímpicos; os Romanos, por razões militares, treinando os seus soldados para escalarem as paredes das cidades que atacavam (Fodero et al, 1989). Segundo Carvalho (2009) e França foi através do alargamento do Império Romano que a ginástica, enquanto forma acrobática, se expandiu.
Após a leitura de diversos documentos, percebe-se que ao longo da Idade Média as actividades circenses, as festas populares, entre outros eventos, tornavam-se cada vez mais profissionais. Mas foi apenas no séc XX que esta actividade se tornou num desporto, desenvolvendo-se imenso, sobretudo nos países de leste, realizando-se a primeira competição na URSS, em 1934 (Carvalho, J.; França, L.).
Após estes improtantes passos, em 1973, surgiu a Federação Internacional de Desportos Acrobáticos. Desde a criação desta primeira organização oficial, vários grupos e associações se filiaram à Federação. Segundo Carvalho (2009), em 1934 foi criada a Federação Europeia de Desportos Acrobáticos, devido à imensa actividade que se exercia na Europa.
Em Portugal a Ginástica Acrobática tem origem recente e em actividades masculinas designadas pela expressão "Forças Combinadas" (Carvalho, J. e França L.). O "pai" da Ginástica Acrobática em Portugal, o Professor Robalo Gouveia, teve uma enorme influência devido aos bons resultados que os seus pupilos do Exército obtinham nas provas estrangeiras. Foi através das suas excelentes capacidades que Portugal pertenceu desde cedo à Federação Internacional de Desportos Acrobáticos.

CLASSIFICAÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE GINÁSTICA ACROBÁTICA

Os exercícios de Ginástica Acrobática classificam-se da seguinte forma:

CATEGORIAS E NÍVEIS NA GINÁSTICA ACROBÁTICA

Existem três níveis de dificuldade, que variam de competição para competição. São descritos conforme o nível e objectivos da competição em causa:
- Nível 3 (estreante): consiste na realização de um exercício composto por elementos facultativos (acrobáticos e individuais) ordenados livremente e de acordo com o acompanhamento musical;
- Nível 2 (intermediário): consiste na realização de um exercício composto por elementos obrigatórios e facultativos (acrobáticos e individuais) ordenados livremente e de acordo com o acompanhamento musical;
- Nível 1 (elite): consiste na realização de um exercício composto por elementos obrigatórios (acrobáticos e individuais) ordenados livremente.
No que diz respeito às categorias, como seria de prever, a idade determina o escalão:


TIPOS DE EXERCÍCIOS DA GINÁSTICA ACROBÁTICA

Nos Desportos Acrobáticos de competição podemos definir 3 tipos de exercícios distintos, que têm um tempo limite de realização de 2'30'', sendo todos acompanhados de instrumento musical. São eles:
- Exercício de equilíbrio: exercício executado com elementos de equilíbrio, onde não é contabilizada a fase de voo. São considerados exercícios "dinâmicos de equilíbrio" devido ao facto de serem realizados em movimento;
- Exercício dinâmico: os exercícios que compõem têm uma fase de voo visível;
- Exercício combinado: como o próprio nome diz, combinam elementos dinâmicos e de equilíbrio.

FUNÇÕES DOS GINASTAS NA GINÁSTICA ACROBÁTICA

Em competição os trios são obrigatoriamente compostos por elementos do sexo feminino e as quadras por elementos do sexo masculino. Cada elemento do grupo tem por definição um nome técnico, mediante a sua função. Assim sendo temos:
- O Base: encontra-se na base da estrutura gímnica e suporta o peso dos colegas, pelo que deve ser o mais forte e pesado;
- O Intermédio: é o elemento que fica no meio, suportando e executando posições intermédias. Deve ser mais leve e de menor dimensões que o base;
- O Volante: é o elemento que fica no topo do conjunto. Deverá ter um grande domínio corporal, ser muito agil e versátil. Fisicamente deve ser leve e baixo.



POSTURA FUNDAMENTAL DO BASE NA GINÁSTICA ACROBÁTICA

Na Ginástica Acrobática o base pode adoptar uma das seguintes posturas:

Posição sentado: o base, para suportar correctamente o volante, deve manter um ângulo recto (90º) entre o tornco-coxa e a coxa-perna.


Posição de pé: o base deve ter as pernas afastadas, contraindo os músculos nadegueiros, para eviatr oscilações da bacia. Deve manter a coluna sempre alinhada.


Posição deitado: entre o tronco e os membros inferiores, o base deve manter um ângulo recto (90º).

ESTRUTURA DOS ELEMENTOS DA GINÁSTICA ACROBÁTICA

No que concerne à estrutura dos elementos da Ginástica Acrobática, podemos referir 5 grupos:
- Os montes: elemento técnico em que o volante sobre para o base, aproveitando os membros do companheiro como apoio, sem nunca perder contacto;
- Os desmontes: caracteriza-se pela perda de contacto do volante com a base, havendo uma fase de voo, antes da recepção ao solo;
- Os apanhados em fase de voo: inclui todos os elementos que terminam no momnto em que o(s) base(s) apanha(m) o volante, após uma fase ou período de voo;
- Os elementos com fase de voo: engloba elementos dinâmicos que têm início no solo. De seguida o volante sofre uma projecção que o fará descrever uma trajectória aérea;
- Os elementos inidividuais: necessário para a realização de um exercício completo, isto é, não apenas a realização de figuras. Existem 4 elementos individuais: de equilíbrio, de flexibilidade, acrobáticos e coreográficos.


TÉCNICAS DE SUBIDA NA GINÁSTICA ACROBÁTICA

As técnicas de subida na Ginástica Acrobática são as seguintes:

Simples lateral: o volante sobre, apoiando-se na coxa e nos ombros do base, utilizando a pega simples. Ambos devem ter as costas alinhadas.
Simples de frente: semelhante à subida lateral, com a diferença de o volante se apoiar na coxa do base e fazer 1/4 de volta, antes de novo apoio.


PEGAS: ESSÊNCIA DA GINÁSTICA ACROBÁTICA

As pegas são a essência básica da Ginástica Acrobática. Devem ser as primeiras acções de aprendizagem, poiss são utilizadas em todos os exercícios de grupo. Existem muitos tipos de pegas que podemos considerar:
- Pega simples: usada para puxar o companheiro na formação de pirâmide (equilíbrio sobre um ou vários companheiros), ou para o segurar no seu devido lugar, uma vez construída a pirâmide;- Pega de punhos: usada para manter ou para puxar o colega, principalmente quando os ginastas se agarram com uma só mão;


- Pega frontal: usada quando o base e o volante se encontram de frente um para o outro;


- Pega de braços: usada para suportar um apoio invertido. Os ginastas agarram-se mutuamente pelos braços, sendo o agarre do base feito na parte de dentro do braço do volante e o volante agarra o braço do base pelo lado de fora;


- Pega entrelaçada ou "cadeirinha": usada para trepar, suportar na formação e para lançar o colega;
- Pega de pé/mão: usada para suportar o volante pelo pé. Serve para suportar e para dar impulsão ao volante. O agarre é feito pelo base entre o calcanhar e a face plantar do pé do volante;
- Suporte na posição de pé sobre os ombros: o base segura o volante abaixo dos joelhos, sendo que o volante mantém os calcanhares unidos atrás da cabeçado base;


- Pega de cotovelos: como o próprio nome indica, o agarre é realizado nos cotovelos. Normalmente é utilizada quando os ginastas estão de frente um para o outro;
- Pega de dedos: pega pouco utilizada devido à pouc eficácia e força que temos nos dedos. Usada apenas para situações estáticas;
- Pega facial-transversa: não há um agarre mútuo e utiliza-se quando o base está de frente para o volante;
- Suporte para estafa: realizada pelo base para impulsionar o volante. Este suporte consiste em colocar as mãos sobrepostas uma sobre a outra.


FIGURAS BÁSICAS NA GINÁSTICA ACROBÁTICA

Este ítem refere-se unicamente a figuras básicas, geralmente aprendidas nas escolas, mas que são o ponto de partida para qualquer ginasta.
Assim temos:

1 - Exercícios de pares

2 - Exercícios de grupo

Trios




Quadras




Pirâmides (5 ou 6 elementos)


3 - Coreografia
Após o conhecimento de todos os fundamentos básicos é necessário procurar executar uma combinação de exercícios, a pares ou trios, com fundo musical e um tempo máximo de 2min. a seguir são demonstradas algumas sessões coreográficas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA COMPETIÇÃO DE GINÁSTICA ACROBÁTICA

As provas de Ginástica Acrobática são identificadas e avaliadas pelos seus elementos (figuras, lançamentos, ritmo, etc.);
Os exercícios são executados no solo, constituído por material elástico de 12X12m;
Os exercícios têm a duração máxima de 2'30'';
As figuras de elementos têm que ser mantidas por 3'' para serem devidamente cotadas na avaliação;
O equipament é específico. Para as mulheres o maillot de ginástica é obrigatório e para os homens pode ser o maillot ou t'shirt/calções, calças ou fatos de uma só peça.


CÓDIGO DE PONTUAÇÃO DA GINÁSTICA ACROBÁTICA

O Código de Pontuação (CP) é uma forma de avaliar os requisitos técnicos e artísticos dos Desportos Acrobáticos. Para uma melhor compreensão das suas funções e finalidade aconselhamos a leitura do ítem "Código de Pontuação de Ginástica Artística", que se encontra no índice deste blog. O seu obejctivo é semelhante ao da Ginástica Artística mas, como é óbvio, a Composição dos Juízes, os critérios de avaliação dos exercícios, os tipos de faltas de execução e a pontuação estão formuladas de acordo com as características da Ginástica Acrobática.

Os Juízes são os seguintes:
- 1 chefe de mesa dos Juízes;
- 2 Juízes de dificuldade;
- 4 Juízes de execução;
- 4 Juízes de Artística.

Os critérios de avaliação dos exercícios são so seguintes:
- Tempo de duração do exercício (são descontados 0,1 pontos por cada segundo a mais);
- Falta de tempo na manutenção das figuras (são descontados 0,3 pontos por cada segundo a menos);
- Apresentação dos ginastas (a simbiose da roupa com o tipo de exercício e música, bem como o carisma);
- A diferença de altura entre o base e o volante (0,4 nos pares/grupos séniores e 0,2 no pares/grupos júniores);
- A originalidade da sequência e do exercício;
- A dificuldade de cada exercício;
- A execução das figuras.

Faltas de execução e artísticas: as faltas de execução e artísticas descontam-se conforme o critério de considerações de faltas mínimas, médias, significativas e maiores. Essa consideração varia conforme o nível competitivo.


No que respeita à pontuação:
- Nota de dificuldade: a tabela que determina o nível de dificuldade dos exercícios é determinada pela tabela da FIG, que é idêntica à que se encontra neste blog, no ítem "Código de Pontuação da Ginástica Artística". A nota de dificuldade é limitada mas regida por um mínimo de 20 valores, sendo que a dificuldade menor que 20 valores num exercício é pontuada com 0,00 pontos.
- Nota de execução: os exercícios são avaliados de 0,00 a 10,00 pelo seu nível técnico e desempenho (nota de execução);
- Nota artística: a componente artística, sincronismo, música e apresentação são cotados de 0,00 até 5,00 (nota artística);
- Nota final: obtêm-se através da soma das três notas anteriormente descritas (execução, artística e dificuldade).

VÍDEO-DEMONSTRAÇÃO DE GINÁSTICA ACROBÁTICA

Segue-se um vídeo, no qual é possível observar os diferentes tipos de exercícios, analisar as funções dos distintos ginastas (base, intermédio e volante), observar a postura do base nas diferentes posições, a estrutura dos elementos (os montes, os desmontes, os voos, os elementos individuais, etc.), as diferentes técnicas de subida, os diferentes tipos de pega, utilizados mediante cada situação, bem como toda a coreografia em simbiose com a música instrumental.


CONCLUSÃO

Sendo a Ginástica Artística e a Ginástica Acrobática modalidades muito complexas, a primeira porque engloba vários aparelhos e alto nível de execução e a segunda porque exige uma movimentação muito diferenciada e também um alto nível de execução, não estão ao alcance da maior parte dos jovens. No entanto, é necessário que as pessoas, professores ou treinadores, tenham conhecimentos mínimos e sobretudo saibam que, apesar de termos jovens que não são capazes de executar exercícios complexos, há uma série de exercícios simples que podem ser trabalhados nos Clubes de Ginástica e até nas escolas.
Assim, este trabalho pretende ser um ponto de partida para todos quantos gostam da Ginástica Artística e/ou da Ginástica Acrobática e se interessam por estas modalidades.
Enquanto futuros profissionais em Educação Física e Desporto enaltecemos o contributo importante que este trabalho traz na nossa formação e o quanto nos ajudou a reflectir, consciencializando-nos sobre os mais variados aspectos da Ginástica Artística e da Ginástica Acrobática.

BIBLIOGRAFIA

- Araújo, C. (2002). Manual de Ajudas em Ginástica.
- Carbinatto, M, et al (s/d). Compreendo a Ginástica Acrobática: Características Históricas e Técnicas da Modalidade.
- Carvalho, J. (2009). Sebenta de Ginástica. ESE de Fafe: documento policopiado.
- Costa, M. e Costa, A. (2006). Ginástica Acrobática. Educação Física 7/8/9. Areal Editores.
- Fodero, J. e Furblur, E. (1989). Creating gymnastic Pyramids and Balances. Illinois: Leisure Press.
- França, L. (s/d). Em Defesa da Ginástica Acrobática na Escola.
- Romão, P. e Pais, S. (2001). Modalidades Gímnicas. Educação Física 10/11/12. Porto: Porto Editora.

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